A Metamorfose das Estações do Ano
- Manuel Rufo Valente

- 18 de nov. de 2024
- 1 min de leitura
As tardes de primavera
deitavam-se na relva,
com o teu corpo a tocar nelas.
Os anoiteceres de verão
estendiam-se na areia,
molhados,
envolvendo-se em ti.
As noites de outono
refugiam-se na minha cama,
tristes e saudosas,
abandonadas por ti.
As manhãs de inverno
Libertar-se-ão
da memória dos meus dedos
a percorrerem o relevo da tua pele.
No fim do ano
Só restará a tua lembrança.
E uma nova primavera,
Livre de ti,
Chegará.
Às vezes, uma presença efémera deixa marcas que o tempo não apaga. Como as estações, a memória daquilo que fomos passa a correr, sem que nada se perca, mas que tudo se transforme. Fica a saudade do calor de um verão que nunca durou, a quietude do inverno que chegou sem aviso e a esperança que renasce com e como a primavera: suave, mas firme. E no fim, tudo se refaz, sem esquecer quem nos tocou nas entrelinhas do tempo.






Comentários