Cai Neve na Lareira

O crepitar da lareira faz lembrar-me  

Do calor que sempre procurei,  

Nas noites onde o frio roubava o céu  

E o sol fugia para longe de mim.  

Nunca vi nevar,

A neve cai como silêncios pesados,  

Levar-me-ia a lugares onde o eco  

É mais forte do que o som de quem sou.  

O frio leva-me a becos escuros e vazios,

Onde a saudade, a dúvida,  

E o meu coração, frágil, tremem,  

À procura de calor noutras mãos.  

Aqui, o lume desperta memórias,  

Acende o que pensei perdido:  

O amor nas palavras que disse e

A força de quem sabe sentir.  

O crepitar da lareira faz lembrar-me  

Que o inverno não é eterno,  

E que mesmo em noites mais frias,  

O meu calor pode ser primavera.