Do Lado de Cá
- Bruna Lopes

- 4 de dez. de 2024
- 1 min de leitura
Atualizado: 5 de dez. de 2024
O tempo não para
mas quebra.
Rende-se a um instante demasiado pesado,
ao peso da sua própria continuidade.
Instantes que cessam antes de acontecer
são como fruta verde,
como luz que nunca toca o chão.
Palavras ficam presas na garganta,
mornas,
a meio caminho.
Há um perdão ainda por aprender.
Um abraço suspenso no ar
perdido entre a intenção e o toque,
um gesto que nunca chegou
ao outro lado do espaço.
E assim permanece,
a sombra de tudo o que podia ter sido.
E ficamos nós,
a medir o vazio entre o que era
e o que não será,
a esperar o que o tempo já não promete.
Tudo o que podíamos ser
ainda estava por vir.
O tempo,
no entanto,
fecha portas sem aviso.
Agora estás do lado errado da linha,
e eu estimo tudo o que falta.
Talvez o luto seja isto,
não ter mais nada nas mãos,
mas apertá-lo até doer,
na esperança de que se torne
em qualquer coisa que fique.
E fazer as pazes,
por só conseguirmos segurar
o que já passou.






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