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Insónia

  • Foto do escritor: Mariana Ribeiro
    Mariana Ribeiro
  • 20 de abr.
  • 1 min de leitura

A culpa pesa no ombro,

Não deixa dormir.

Uma tentativa desesperada de parar o tempo,

Ou de impedir que continue, sem o perdão.

Tu já sabes como termina,

Escuta.

Perdoa,

Mesmo que doa.



Olho para a poltrona vazia e ouço uma voz.

O relógio marca a madrugada,

O calendário os treze anos que o tempo me esperou.


Progressivamente, 

Aumenta o tom.

Relembra-me onde, o quê, o porquê.

Pergunta-me: até quando?


Durante a morosidade, 

Fugi,

Evitei.

Acho que nunca quis saber responder.


Agora,

Os carneirinhos que conto

Já lhes perdi a conta.

Invadem os lençois,

Entram-me na mente,

Não consigo mais escapar.


Corro as escadas ofegante,

Num salto alcanço os ponteiros,

Tento encontrar forma de os parar.


Espero que me perdoe

Pela demora de a perdoar.


O tempo esteve à minha espera.

E agora sou eu quem está à espera de o ter.


Sento-me na poltrona,

Sinto uma mão pesar no ombro.

A mesma voz do último adeus:

“É uma longa história.”

“Eu tenho tempo, Mãe.”


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