top of page
  • Ícone do Linkedin Cinza
  • Ícone do Instagram Cinza

Barulho

  • Foto do escritor: Tatiana Moreira
    Tatiana Moreira
  • 20 de abr.
  • 1 min de leitura

Olho para a poltrona e ouço uma voz. Não é um som meigo, calmo e doce, no entanto. É quase um grito constante desesperado. 

Há uma pluralidade de sons. Nenhum parece querer sossegar. Pelo contrário, entram-mae pela cabeça como alguém prestes a pregar uma rasteira. 

Está ali desde que me lembro e não me deixa ter um momento de sossego desde então.

"Não tens talento, inteligência ou beleza. És uma autêntica fraude. Uma falha total. Nunca serás nada na vida, sobretudo feliz."

E permanece. À noite, é mais grave. São pequenos sussurros tornados numa sinfonia desafinada.

Não sei se ela por mim foi criada, se por outrem. Apenas sei que é cruel, fria e aflitiva.

Tornou a vida uma tarefa esgotante, sinto-me apenas num estado de sobrevivência. E sei que por mais distrações que utilize, aquele barulho continua a sobressair. 

Não sei o que é ter um dia de paz e sossego. Mas talvez noutra vida, a tal voz seja mais mansa e me deixe, finalmente, viver.


ree


Comentários


© 2024 Revista O’Pátio

Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Ícone do Instagram Cinza
  • Ícone do Linkedin Cinza
bottom of page