Barulho
- Tatiana Moreira

- 20 de abr.
- 1 min de leitura
Olho para a poltrona e ouço uma voz. Não é um som meigo, calmo e doce, no entanto. É quase um grito constante desesperado.
Há uma pluralidade de sons. Nenhum parece querer sossegar. Pelo contrário, entram-mae pela cabeça como alguém prestes a pregar uma rasteira.
Está ali desde que me lembro e não me deixa ter um momento de sossego desde então.
"Não tens talento, inteligência ou beleza. És uma autêntica fraude. Uma falha total. Nunca serás nada na vida, sobretudo feliz."
E permanece. À noite, é mais grave. São pequenos sussurros tornados numa sinfonia desafinada.
Não sei se ela por mim foi criada, se por outrem. Apenas sei que é cruel, fria e aflitiva.
Tornou a vida uma tarefa esgotante, sinto-me apenas num estado de sobrevivência. E sei que por mais distrações que utilize, aquele barulho continua a sobressair.
Não sei o que é ter um dia de paz e sossego. Mas talvez noutra vida, a tal voz seja mais mansa e me deixe, finalmente, viver.






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