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O passado é um fio transparente que eu teimo em cortar

  • Foto do escritor: Enzo Minhoto
    Enzo Minhoto
  • 16 de nov.
  • 2 min de leitura
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Quantas vezes já não negamos o nosso próprio passado e a nossa história? Negamos quem fomos, o que fizemos, e, muitas vezes, remoemos tudo isso, arrependendo-nos amargamente, sentindo vergonha ou tentando esconder o passado debaixo do tapete, como se nada tivesse acontecido. Mas, ainda que você já tenha feito ou pensado em alguma dessas coisas, isso não muda o fato de que o passado é um fio transparente, e que, muitas vezes, teimamos em cortar.

E o que isso quer dizer? Um fio transparente é difícil de enxergar, às vezes parece até invisível, mas isso não muda o fato de que ele ainda está lá. Quero que você imagine um suéter de lã. Para que ele exista, é preciso que vários fios se entrelacem, formando o tecido que conhecemos como suéter, certo? Agora, imagine que esse suéter seja rosa. Entre os muitos fios rosas que vemos e que dão cor ao suéter, existem também fios transparentes invisíveis aos olhos, mas entrelaçados, sustentando toda a estrutura e garantindo que ele não se desfaça.

O suéter rosa é você, no presente, a pessoa que é hoje. Os fios transparentes são o seu passado. Embora invisíveis, eles são essenciais para dar estrutura àquilo que você se tornou. Agora imagine que você resolva cortar todos os fios transparentes. O suéter se desmancharia e assim somos nós quando tentamos apagar ou negar o nosso passado. Não percebemos que, ao tentar cortar esses fios, negamos parte de quem somos hoje. Cada fio representa um momento, uma atitude, uma escolha; todos eles sustentam a pessoa que existe agora.

Sim, há coisas no meu passado das quais não me orgulho. Mas sei que, se não tivessem acontecido, eu jamais seria a pessoa de quem me orgulho em ser hoje. Então, antes de teimar em cortar esses fios, pare e pense: será que você seria um terço de quem é se não fossem as experiências que viveu? É claro que existem lembranças que preferimos esquecer, momentos que queremos arrancar como aqueles fiapos que aparecem na costura da roupa. Mas, quando tentamos puxá-los, a roupa se desfia ainda mais, e acabamos tirando uma parte que não queríamos tirar. Assim é com o passado.

Não precisamos cortá-lo. Os fios do passado agora são transparentes: eles não definem quem você é hoje, mas continuam sendo essenciais para que o suéter não se desfaça. Porque o que realmente importa é quem você é agora o suéter rosa, feito dos novos fios que você escolhe tecer a cada dia. Os fios transparentes são a base, mas não definem a cor do suéter. O suéter é rosa, e não transparente.



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