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Viagens

  • Foto do escritor: Sul
    Sul
  • 24 de mar.
  • 2 min de leitura

Desde os primórdios da nossa existência sentimos algo cá dentro que nos urge a ir embora, partir à aventura. Umas vezes para assegurar a  sobrevivência,  outras vezes para chegar à Verdade. 

É a tentativa de ressignificar o que conhecemos sob pena de ficarmos para trás. Sermos capazes de responder à pergunta “Quem sou eu?”. Ir procurar a hodiernidade, na espera de compreendê-la, deixando que o mundo comunique connosco. Deixar que a dureza da viagem silenciosamente se manifeste no espírito e incremente as interpretações do passado.

Assim como Platão e Pitágoras, que trocaram por uns tempos a Grécia pelas terras dos Faraós, quero ingressar numa peregrinação filosófica. Como um “rider on the storm”  rumo a terras distantes e bonitas, tornaria-me aprendiz atenta às pessoas. Descobriria do que falam entre si ;como se lembram do seu passado; como veem  o futuro; quais os deuses que veneram; se acreditam no amor e na guerra; e se têm medo do Tempo. Anotaria meticulosamente tudo isso num papel de cera, não deixando nada escapar, pelo que à noitinha voltava a lê-lo até os olhos começarem a cerrar. 

Não sei quanto tempo de viagem teria de passar até me questionar se já não seria tempo de regressar a casa. O que marca a diferença entre a procura e o evitamento nem sempre é tão claro assim. Afinal, de que adianta passar a vida inteira como romeira se não contar o que vivi à terra que me viu nascer? Então, metia a mochila às costas. Estava pesada devido à meia dúzia de livros indecifráveis que fazia questão de levar comigo, acompanhados de bijuteria trabalhada  arduamente pelas artesãs antigas. 

Com o coração já esclarecido, iniciava a viagem de regresso. A saudade daria-me força para aligeirar a passada e não tardar chegaria a casa, mas estaria diferente. 

Quando terminasse de contar as minhas histórias – toda a gente  precisa igualmente de respostas — estendia-me na cama. Exausta, mas satisfeita, pensaria na minha paixão pelo Mundo e no que estaria por vir. Falaria com ele e, antes de adormecer,  em tom de suspiro confessar-lhe-ia : "Amei, perdi-me e talvez morri amando-te".


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