Às Mulheres
- Tatiana Moreira

- 18 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Às mulheres, aquelas que desde sempre é esperado que atendam a um certo padrão de beleza, em que este é completamente contraditório e que nunca decide o que realmente quer, está em constante mudança, mas é esperado que o acompanhem.
“Tem o cabelo desta maneira. Tem o corpo daquela. Não tenhas celulite. Tens aí uma espinha. Estou a ver alguns pelos. Não, não te estou a criticar, é apenas uma questão de saúde e de higiene. Não me interessa que estejas a tentar ter uma relação saudável contigo própria, não é isso que é esperado socialmente de ti. De que outra maneira é que te daríamos inseguranças? De que outra maneira é que faríamos com que quisesses comprar os produtos mais desnecessários para esconderes características tuas que são pura e simplesmente humanas?”
Às mulheres, a quem também é constantemente esperado um determinado comportamento, igualmente não muito bem definido, mas que definitivamente não lhes será favorável.
“Não sejas rude, achas-te alguma diva? Estavas apenas a ser assertiva e a impor e a respeitar os teus limites? Não o deverias fazer, caso contrário não nos conseguimos aproveitar de ti e fazer com que te sintas inferior. Sê mais simpática, mas não demasiado, sua santinha oferecida. Estavas apenas a agir como um ser humano decente? Não, nós não fazemos isso aqui.”
Às mulheres, que lhes é esperado que sejam sempre compreensíveis, mas nunca lhes é garantido que irão ser compreendidas. Que se demonstram qualquer tipo de tristeza ou raiva é porque é próprio delas serem assim demasiado emocionais, quando, na realidade, estão apenas cansadas de viver num mundo que se torna demasiado para se existir enquanto mulher.Se não estamos preocupadas em zelar pela nossa segurança, estamos a ouvir sobre as coisas mais horrendas que aconteceram às nossas irmãs por todo o mundo, apenas por serem mulheres.
“Não uses essa roupa. Não uses assim o cabelo. Não andes sozinha. Não andes por aí de noite. Devias aprender autodefesa. Anda com alguma coisa para te defenderes. Aconteceu-lhe alguma coisa? O que ela estava a usar? De certeza que estava a pedi-las. O que ela esperava a provocar daquela maneira? Por que razão é que ela não denuncia? Até parece que a iríamos julgar, chamá-la de mentirosa e dizer que iria arruinar a vida daquele que lhe fez algo.”
Às mulheres, que têm sempre alguém que acha que tem o direito de mandar mais nelas do que elas próprias. Que acha que pode opinar naquilo que elas fazem ou não com a sua vida. E que não importa o que elas escolham fazer, nunca estará certo, nunca será aquilo que é suposto elas fazerem.
“Como assim não queres ter filhos? Como assim não queres casar? Como assim queres te focar na tua vida e na tua carreira? Não é isso que é suposto. O que te leva a pensar que te podes negar a ser submissa a um sistema que só te quer prejudicar, que completamente ignora as tuas necessidades e vontades para privilegiar um outro indivíduo que igualmente não quer saber de ti?”
Mas apesar de tudo... que bonito é ser mulher. Que incríveis são as mulheres. Como eu as adoro e como adoro ser uma. A maneira que se apoiam, se animam e se elogiam umas às outras. O quão imaculada é a energia feminina. A sua resiliência, a sua persistência, a sua força. Aquele sentimento de união e comunidade instantâneo, que traz a sensação de “casa” a qualquer lugar e situação.
Às mulheres, que nunca cruzaram os braços em situações de injustiça e sempre lutaram pelos seus direitos.
Às mulheres, que são inteligentes e que as variadas barreiras educacionais não as impediram de deixar a sua marca em todas as áreas do saber: nas ciências, nas humanidades, nas artes.
Às mulheres e à sua beleza diversa, que nunca se esqueçam da sua singularidade e do quão deslumbrantes são.
Às mulheres, que nunca deixem de lado aquele sentimento de si, de serem donas delas próprias, do seu corpo, de poderem fazer o que quiserem, de se exprimirem de todas as formas que se sintam confortáveis.
Às mulheres, que são os alicerces da sociedade.
Às mulheres, com amor.






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